sexta-feira, 31 de março de 2017

Marquês de Puységur

O marquês de Puységur (1751-1825) era um membro da aristocracia francesa daquele tempo e tinha sido introduzido à teoria e ao estudo de Mesmerismo por seu irmão. Puységur passou a redefinir a teoria e a prática do Mesmerismo, colocando menos ênfase nas teorias de Mesmer sobre os aspectos pseudo-físicos da natureza "fluídica" ou "etérica" ​​das forças que Mesmer presumiu estar em ação. Em vez disso, o Marquês de Puységur foi mais atraído para o "psíquico" - ou como seria chamado hoje psicológico - conexão entre o mesmerizador e o sujeito / paciente.

A este respeito, Puységur poderia talvez ser considerado mais um precursor direto de James Braid, o cirurgião escocês que também se interessou pelo mesmerismo e que, na década de 1840, se afastou definitivamente da teoria pseudo-fisicalista de Mesmer para a realização da mais psico dinâmica natureza dos processos em ação no hipnotismo.

Puységur também reformulou a teoria de Mesmer do magnetismo animal em favor do que ele chamou de "sonambulismo artificial". Até certo ponto isso ocorreu devido às dúvidas de Puységur sobre alguns dos métodos de Mesmer, que às vezes envolviam induzir a algo como convulsões ou crises em alguns de seus pacientes. O próprio Puységur não conseguiu ver como isso poderia ser benéfico ou mesmo viável, então ele formulou uma técnica terapêutica mais gentil.

A partir de meados da década de 1780 ele começou seus experimentos mais a sério, oferecendo tratamentos magnéticos para os trabalhadores e funcionários em sua propriedade. O mais bem documentado desses experimentos envolveu um jovem trabalhador de propriedade chamado Victor Race, que aparentemente tinha algum tipo de queixa respiratória que Puységur queria ver se ele poderia aliviar através de sua versão de magnetismo.

O que realmente aconteceu foi para a história como um dos passos mais significativos para o início de uma abrangente e cientificamente compreensão documentada da hipnose e o que ela realmente é.

Puységur, usando as instruções de Mesmer, magnetizou uma árvore à qual Race estava amarrado. Enquanto Puységur estava fazendo "passes" mesméricos sobre a cabeça de Race com um íman - para estimular o fluxo de "fluído" magnético - Race entrou em um estado de transe. Quando Puységur - agora curioso sobre o que exatamente estava acontecendo - instruiu-o a desatar-se, Race conseguiu fazê-lo enquanto ainda em transe e com os olhos fechados.

O Marquês de Puységur ficou então surpreso quando descobriu que Race, ainda em transe, conseguia ler sua mente. Puységur poderia mentalmente dirigir uma pergunta a Race, que responderia a pergunta verbalmente. Ele também poderia "captar" em outras perguntas e instruções que Puységur mentalmente dirigia a ele. Posteriormente, Race não pôde se lembrar de nada que tivesse acontecido. Embora isso esteja obviamente ligado ao reconhecimento precoce da existência da telepatia, a atenção de Puységur se fixou no desenvolvimento de técnicas de indução desse estado de transe em outros, e a partir dessa pesquisa formulou sua teoria do sonambulismo artificial.

Neste ponto, Puységur estava se afastando de uma aceitação dogmática da teoria de Mesmer, embora sempre considerasse e se referisse a si mesmo como um discípulo de Mesmer. Duas facções começaram a surgir dentro do Mesmerismo, dos tradicionalistas e dos revisionistas, com as técnicas mesmeristas tradicionais acabando ficando para trás do novo quadro teórico, mais simples e plausível, dos revisionistas.

Puységur tinha - eventualmente - descoberto através de sua pesquisa em curso o que seria hoje denominado como sugestão pós-hipnótica. Um sujeito em transe seria instruído a, por exemplo, "tocar seu joelho quando ouvisse a palavra cavalo" depois de acordar do transe. Muitas vezes isso funcionava, com o sujeito não tendo lembrança de ter recebido anteriormente o comando. Ele também descobriu que sob hipnose ou sonambulismo sujeitos poderiam ser informados de que eles não experimentassem nenhuma dor ou sensação quando fossem picados com uma agulha, e isso também funcionou.


O Marquês de Puységur descobrira que havia uma parte da mente que o que conhecemos como a mente consciente era praticamente inconsciente, mas que obviamente tinha um tremendo potencial para influenciar o comportamento. O marquês de Puységur foi interrompido em sua pesquisa pela Revolução Francesa e ele passou vários anos na prisão. Em sua liberação tentou recuperar alguns de seus recursos e continuou sua pesquisa. Ele morreu em 1825, altura em que a maioria dos Mesmeristas estavam usando suas técnicas e não as tradicionais.

quarta-feira, 29 de março de 2017

Mesmerismo

Para começar a falar sobre Mesmerismo precisamos entender melhor a história sobre isto.

Franz-Anton Mesmer (1734-1815), redescobre um método de tratamento que já foi praticado por Paracelso e que era conhecido na Idade média, e vai ainda além afirmando sobre um fluído magnético que o homem possui e que é possível utilizar com fins terapêuticos.

Durante a vida, Mesmer ora era considerado um gênio ora charlatão. Naquela época ninguém tinha idéia que a própria medicina oficial depois utilizaria terapêuticas derivadas diretamente das idéias daquele visionário, como hipnose, sofrologia, electromagnetismo, etc.

Entender a importância de Mesmer na utilização da hipnose e do magnetismo nos dias atuais é poder olhar para o passado com respeito. Falar que é ultrapassado usa ou estudar mesmerismo é simplesmente fazer o mesmo que os médicos contemporâneos de Mesmer fizeram. Precisamos compreender as razões da hostilidade destes médicos e das gerações futuras quanto a terapêutica magnética, e para isto, precisamos recuar as origens da medicina ocidental.

Antes do século XVI a medicina encontrava-se estreitamente ligada à superstição e à religião. As orações, os amuletos, os sacrifícios eram considerados como promotores de cura. Depois vem o hábito de utilizar os recursos do mundo vegetal e animal, e virtudes curativas eram também atribuídas a certas substâncias de origem animal ou até humana.
Com Hipócrates que abre-se uma nova era. A medicina hipocrática esforça-se em precipitar a crise para que o organismo possa libertar-se do mal no momento em que este não o mina ainda por completo.
No século XVI (1493-1551) começa uma revolução médica, graças a Paracelso, que introduz o uso generalizado dos medicamentos químicos e denuncia as terapêuticas Galianas. Quando Mesmer tenta alterar a medicina de sua época seria como renegar os progressos realizados desde Hipócrates, que na época já utilizavam produtos farmacêuticos cada vez mais numerosos com objetivo de abafar ou evitar a crise, visto que o magnetismo proporciona efeitos benéficos pela precipitação da crise como convulsões e transpirações.

Também os inimigos do “pai” do magnetismo afirmavam que a famosa descoberta seria impossível de controlar cientificamente. Os médicos da época não conseguiam conceber que o destino dos doentes ficariam nas mãos de quem não possuiria conhecimentos médicos. Consideravam como uma afronta a venerada profissão com exceção de alguns médicos que consideravam o magnetismo como recurso terapêutico e queriam que somente os médicos pudessem vigiar seu emprego.
A indústria farmacêutica foi também sempre aliada contra uma forma de cura sem precisar utilizar medicamentos.

Mesmer teve vários êxitos, mas entre estes ele curou uma jovem que sofria de cegueira psicossomática e o caso causa escândalo porque ela se apaixonou por ele, então os inimigos de Mesmer aproveitam a oportunidade para redobrarem os seus ataques. (Como foi ilustrado em filme sobre a vida dele)
Mesmer depois de vários eventos importunos perde a popularidade, mesmo com vários êxitos, os inimigos conseguem determinar que os efeitos curativos são efeitos de sugestão, apenas o botânico Antonie-Laurent Jussiu afirma a necessidade de prosseguirem com as pesquisas no quadro da medicina por toques.

Como também acontece nos tempos atuais teve a vaidade e a ambição de um dos seus discípulos que passou o reconhecimento pessoal acima do próprio mestre e ainda a falta de verba que recebia do rei favoreceram para que Mesmer decidisse sair de cena. Seu reconhecimento foi recebido somente 3 anos antes de sua morte com o convite para ocupar uma cadeira da faculdade de Medicina de Berlin.
Mesmer deixou uma semente e a lição mesmeriana é retida por homens que se preocupavam com a cura de seus semelhantes. Um hospital mesmeriano em Berlin é aberto e o magnetismo progride na França, Inglaterra e até na India.
Depois de Mesmer alguns dos seus discípulos continuaram neste trabalho de pesquisa e tratamentos, utilizando o magnetismo, como o Marquês de Puységur, que não usou mais as tinas que Mesmer, passou a magnetização direta, e deu ênfase a algo que Mesmer já havia descoberto: o sonambulismo provocado, também observou o fenômeno de clarividência desencadeada pela magnetização.
O naturalista Deleuze (1753-1835), segue com magnetização direta com os passes magnéticos e confirmou também o sonambulismo magnético.
O Barão de Potet (1786-1881) estuda mais demoradamente o magnetismo e manifesta capacidades magnéticas muito convincentes aos médicos Parisienses. Elliotson explorou depois a anestesia magnética e em seu hospital Mesmérico de Londres vários doentes se beneficiam das intervenções cirúrgicas indolores.
Mais tarde, o Dr. James Esdaile, em Calcutá, segue também aplicando em vários doentes a anestesia magnética.
O Suiço Charles-Léonard Lafontaine (1803-1892) contribui para a elaboração das teorias mesmerianas. Uma de suas múltiplas demonstrações que efetua em Manchester, está na origem dos trabalhos do Dr. James Braid, que vai aperfeiçoar uma técnica próxima do magnetismo, mas é na realidade hipnose. Os círculos médicos franceses se interessam seriamente pelo assunto dentre eles Broca, Velpeau, Liébault, Bernheim, Charcot.
Depois de uns 10 anos da morte de Mesmer uma comissão de inquérito por unanimidade exprimiram um parecer favorável sobre as curas do magnetismo, com um volumoso relatório depositado na Academia de Medicina em 1831, sugerindo as pesquisas sobre o magnetismo, mas um dos acadêmicos, Dr. Castel, estimou que seu conteúdo faria correr o risco de comprometer os “conhecimentos psicológicos” adquiridos, e insurge-se contra sua publicação.
Vários médicos magnetizadores continuam utilizando anestesia magnética, como Dr. Cloquet em 1826, durante 10 anos conseguiu fazer cirurgias com sucesso utilizando magnetizadores-anestesistas, até que Dr. Dubois, 1837 aproveitou um inquérito para levar o magnetismo para a lama.
O magnetismo perseguido entraria na clandestinidade até a segunda metade do século XIX, e os adeptos tem de prosseguir as pesquisas solitariamente e contentar-se com curas às escondidas. O sonambulismo provocado, a hipnose e até os fenômenos de clarividência magnética proporcionam agora experiências devidamente subvencionadas, mas o magnetismo propriamente dito permanece banido dos hospitais franceses.
Um dos corajosos facultativos que continuou com os trabalhos foi o Dr. Moilin, publicou em 1869 o Tratado elementar teórico e prático do magnetismo. Dr. Moilin descobre que as curas operadas pelo magnetismo se explicam pela ação direta que o fluído magnético exerce sobre as células.
Moilin respondeu aos inimigos do magnetismo sobre as insinuações que a sugestão e auto-sugestão estavam na origem dos fenômenos magnéticos, dizendo: “atribuir essas curas à imaginação é zombar de uma palavra e, na minha opinião, é exatamente como se se dissesse que os doentes se curam porque têm horror à doença, tal como outrora se dizia que a água subia na bomba porque a Natureza tinha horror ao vácuo”.
Ao Dr. Moilin pertence o mérito de ter esclarecido a razão profunda de uma cura obtida por intermédio do magnetismo. As suas conclusões serão confirmadas pelos pesquisadores do século XX: as células do organismo humano – da mesma forma que as células dos animais e das diferentes espécies vegetais – extraem das irradiações magnéticas e compensação para o desaparecimento parcial ou total de sua energia vital habitual.

O fluído magnético emanado do ser humano desencadeia fenômenos de natureza diversa. Tudo depende da distância que separa o magnetizador da pessoa magnetizada.

terça-feira, 21 de março de 2017

Por que a Fascinação Hipnótica é diferente?

O olhar tem um incrível poder. Até mesmo nossa percepção de espaço ao redor é influenciada pelo olhar e estudos experimentais têm mostrado que interações sociais um olhar firme é um acerto e que os olhos podem mudar a resposta do nosso companheiro. (Keating, Mazyr, Segall 1977) Os olhos são ainda mais importantes no primeiro contato com alguém, como muitos especialistas tem observado que os primeiros 30 segundos e os primeiros 4 minutos do encontro tem uma importância crucial (Zunin 1976). Nestes casos muitas vezes nós obtemos respostas de outras pessoas que na realidade criamos inconscientemente.
Tem-se experimentalmente provado que a efetividade de certas terapias pode estar diretamente relacionada com a interação do olhar. (Harrigan, Oxman e Rothental 1985)
Outros estudos experimentais tem mostrado que nossa mente lógica é reduzida e emoções são sentidas mais intensamente quando alguém olhá-nos intensamente.
No hipnotismo, os efeitos da indução pelo olhar hipnótico são dignos de nota. Contudo, nós deveríamos considerar que há dois tipos de induções referidas como “indução com olhar hipnótico”. No primeiro, o uso dos olhos é misturado com palavas. No segundo tipo, o mais poderoso e misterioso, nenhuma palavra é usada, somente os olhos e às vezes as mãos. O que praticamos nesta escola é a técnica completamente não verbal. Chama-se “fascinação”. Atrás disto existe uma escola ancestral secreta, que podemos traçar até o tempos dos romanos antigos e até antes. Aristotle, Plutarcus, Plinius, Marsilius Ficinus, Simone Maiolo, e até St. Thomas, Albertus Magnus e muitos outros conheciam a existência deste poder. Até na tradição grega o poder da Medusa está conectado a isto.
Fascinação é um termo usado desde a idade média, envolvendo a atenção e captura da alma somente com seus olhos.
Também é geralmente se referido a fascinação do amor, onde alguns elementos que são semelhantes a fascinação hipnótica são tocados e onde a parte mais profunda e instintiva de uma pessoa é atingida e animada.
Examinada cientificamente, a fascinação hipnótica no homem tem similaridades com um fenômeno ao qual chamamos “hipnotismo animal” no mundo animal. É comum conhecer o exemplo da “galinha hipnotizada”, onde a galinha ficará bloqueada no estado imobilidade tônica olhando para uma linha ou na “cobra encantadora”. Até alguns animais são capazes de praticar um poder similar em outros animais, mas somente o homem é capaz de usá-lo para promover o seu desenvolvimento pessoal.
No final de 1800, o hipnotizador Donato foi por toda Europa demonstrar esta técnica com incrível eficiência. Era tão rápido como um relâmpago. Porém, depois de sua morte, suas técnicas se tornaram desconhecidas.
A primeira vez que Dr Paret e seu amigo pesquisador Dr. Tira assistiram uma indução por fascinação real sem uso de palavras, ficaram estupefatos.
Isto foi conduzido por Virgilio Torrizzano, um homem que foi iniciado nesta maravilhosa tradição antiga. Em menos de 4 segundos o sujeito ficou com os olhos bem abertos e completamente receptivo, até para sugestões não verbais.
Depois deste encontro, se tornaram amigos de Virgilio e pediram para ensiná-los como ele fez aquilo. Por muitos anos depois eles estiveram pesquisando para descobrir os segredos e a verdadeira metodologia atrás deste poder, datados na sua história até os egípcios. Descobriram que não era uma simples técnica, mas o topo de um iceberg: um sistema completo com sua auto hipnose, sua terapia e uma série de passos para praticar. Se eles não tivessem continuado estas pesquisas estes segredos iriam sobreviver apenas nos contos antigos. Muitos pesquisadores concordam que o estado de fascinação é diferente do qual é intencionado na hipnose clínica atual, até mesmo em alguns elementos ambas as técnicas podem sobrepor.
Para qualquer hipnotista é muito útil saber os segredos atrás da fascinação, como um dos nossos deveres é ajudar a mudança nos indivíduos e recuperar o verdadeiro eu como também o equilíbrio psicossomático, e muitas vezes com fascinação nós podemos conseguir estes resultados rápidos e mais fortes.
Fascinação pode ser muito útil para conseguir respostas imediatas da nossa parte interna da mente.

O que realmente acontece durante este tipo de indução por olhar hipnótico?

Primeiramente, há uma profunda mudança na percepção. Os ancestrais falaram de "névoa". Nesta névoa a pessoa muitas vezes experimenta um transe imediato, ela se sente removida do tempo e do mundo material.

Por que?

Cientificamente expresso, a pessoa imediatamente fascinada experimenta várias alucinações visuais como o foco de seus olhos indo para um ponto específico chamado de " foco escuro " ou "ponto de repouso de se concentrar". Quando seus olhos focalizam lá, sua mente vai para um tipo de férias naturais e você não reconhece mais longe e perto.
O “foco escuro” é um fenômeno cientificamente observado em aviadores, ao qual, as vezes, entram em um tipo de “transe”, muito perigoso durante o voo. Seria como um “ponto preto” fisiológico, ligados em nosso cérebro, onde nossas percepções mudam.
Esta é uma primeira diferença com a hipnose verbal dominante que, sendo orientada psicologicamente, não contam com este tipo de reação fisiológica.
Uma segunda mudança é também um desenvolvimento natural e espontâneo de catalepsia, semelhante à imobilidade tônica de animais. Por exemplo, se passar a mão em um braço de uma pessoa fascinada, ele vai ficar espontaneamente rígida. Enquanto os pesquisadores tem relatado este tipo de reação para um mecanismo de defesa, mas esta não é a única explicação.



domingo, 5 de março de 2017

Parapsicologia Clinica - Jeannie Lagle

No histórico `memórias, sonhos e reflexões`, Jung (1965) conta da tremenda luta em sua vida que envolveu fenomenologia psicológica e parapsicológica muito elaborada. Em sua narrativa ele reporta falar com `espíritos` comunicar-se com entidades imaginárias, conta de seus sonhos e visões com a sua casa sendo assombrada. Estes eventos representavam símbolos mais do que sintomas, símbolos do inconsciente que refletiam o despertar da Psique. Como ele lotou por integrar seu mundo interior com o mundo exterior, ele e sua família começaram a sentirem-se `assombrados`.
Sua filha contou que por duas vezes, à noite, seu cobertor foi arrancado e seu filho teve um sonho muito tenso que continha diversos símbolos que Jung havia estado experienciado em seus próprios sonhos e fantasias.

O sino da porta soando foi ouvido por toda a família e Jung viu-o mover-se, mas ninguém foi visto fora, a porta.
Ele escreve `a casa toda estava cheia, como se houvesse uma multidão presente, abarrotada de espíritos`. Foi nessa época que ele editou seu trabalho `Septem, Sermones and Mortuos`, sob pseudônimo (Jung, 1965)

Mas escritores contemporâneos, tais como Jule Eisenbud (1970) e E. Mintz (1983), também relataram a ocorrência de psi na psicanálise e na psicoterapia, proporcionando valioso material terapêutico.

Trabalhar com Tina Resch (Stewart, Roll e Baumann, 1988) revelou-me uma visão da fenomenologia parapsicológica que era totalmente natural e sensível. Nosso fechamento psicológico e os resultados de PK pareciam obviamente ligados e eu observei que a fenomenologia psíquica tornou-se uma extensão natural da psique. Neste caso, a hipnose foi usada para estabelecer rápido e decisivo `rapport`, bem como para trazer a consciência o comportamento PK. O sucesso deste procedimento com ela levou-me a especular se casos de distúrbios parapsicológicos, ao menos, eram personificação de elementos psíquicos inconscientes e deveriam ser tratados através do inconsciente, com métodos tais como hipnose e mentalização orientada.

Nesta época, participei como sujeito, para os estudantes aprenderem sobre a mediunidade de Patrícia Hayes: Minha experiência envolveu meu falecido cunhado, cuja morte súbita e acidental deixara-me deveras traumatizada.
Os resultados da sessão psi foram, para mim, profundamente benéficos pela minha compreensão e aceitação de sua morte.
Além disso, sob um ponto de vista profissional, eu reconheci essa abordagem como sendo muito similar às técnicas de gestalterapia, particularmente a técnica da `cadeira vazia`.
Na orientação à famílias confusas por experiências de assombração e possessão, Willian Roll e eu combinamos o estilo de sessões com gestalterapia e técnicas de hipnose Ericksonianas, numa forma consistentemente efetiva.
O sucesso deste procedimento, eu sinto, resiste a compreensão da qualidade de espírito psicodinâmico.
No ensaio de Jung, `A Fenomenologia do Espírito nos Contos de Fadas`, ele explica a experiência do espírito como `um complexo funcional que, originalmente, em nível primitivo, era tido como invisível, como uma presença de ar`. A mentalidade primitiva acha bastante natural personificar a presença invisível como um fantasma ou demônio. As almas ou espíritos dos mortos são idênticos à atividade psíquica da vida: eles meramente continuam.
A visão que a psique e o espírito está implícita nisso, quando, de alguma forma, algo psíquico acontece no indivíduo que ele sente como pertencente a si próprio, que esse algo é o seu espírito. Mas, se algo acontece que lhe pareça estranho, então é o espírito de outro alguém e pode estar ocasionando uma possessão.

O espírito no primeiro caso, corresponde a atitude subjetiva, no último caso corresponde a opinião pública, ao espírito do tempo ou a disposição original, ainda não humana, antropoide, que nós chamamos de INCONSCIENTE. (Jung, 1973)
À luz da explicação de Jung, uma abordagem que ilumina a personificada possessão traria reconhecimento e subsequente integração ao elemento possuído.

Eu gostaria de citar um caso com o qual tive o mais longo contínuo contato:
- A cliente, uma mulher na casa dos trinta anos, obesa, e, na época, sob tratamento psiquiátrico para depressão, ligou à P.R.F. pedindo ajuda para o seu problema. Por seis meses, sofreu atormentada por uma estranha entidade que a beliscava, puxava seu cabelo, caia sobre ela, acariciava-a, passava sobre ela e ao seu redor, e, algumas vezes, movia coisas na casa, durante a noite.
Às vezes, ela ouvia `vozes adolescentes masculinas`, e sentia haver mais do que uma simples presença. Ela estava aterrorizada a ponto de não conseguir dormir, o que estava afetando a sua capacidade laborativa. Ela estava sentindo-se mais e mais alienada socialmente e não tinha mais contatos sociais, exceto com sua amante. A entidade estava começando a ir com ela a toda parte, mesmo no trabalho onde seus alunos e ela tinham testemunhado um objeto na sala mover-se paranormalmente (a paciente é uma professora de crianças com disfunções emocionais e comportamentais).
Eu comecei falando com ela ao telefone, uma ou duas vezes por semana e pedindo-lhe para tentar comunicar-se com a entidade, simplesmente conversar com ela. Fez isto relutantemente, a princípio, por algumas semanas até que estivesse amigável bastante para lhe dar um nome – BIGFOOT (pé grande), devido ao seu tamanho. Isto diminuiu bastante o seu medo, mas ela ainda estava atormentada por sua presença e queria se livrar dele.  Seu comportamento mais ofensivo foi a proibição de contatos sexuais. Ela se dedicara apenas a relações homossexuais nos últimos 8 anos, logo, um toque masculino era ainda mais desgastante.
Após cerca de vinte sessões ao telefone, ela pediu para vir a Carolina do Norte para participar de um programa intensivo de sessões psicoterápicas, na intenção de livrá-la da entidade e fazê-la metabolizar positivamente a experiência.
Tipicamente, como parte do processo de orientação, dois orientadores conduziram o que é chamada de sessão psi com o cliente e alguém ligado ao cliente. Pelo estilo da sessão se pede aos participantes para fecharem os olhos, relaxarem e tornarem-se abertos a ver e relatar qualquer imagem, impressão ou sentimento. A personalidade intrusa e, então, convidada a juntar-se ao grupo. Isto corre através da imagem reportada pelo grupo. Então um dos membros começa a falar espontaneamente com a entidade. Quando isto acontece, o membro falante do grupo está num estado mais profundo de hipnose do que os outros membros. Comportamentos resultantes e comunicação são interpretados como conteúdo do Inconsciente do cliente e do grupo que proporciona a informação simbólica e factual psíquica que dia respeito ao cliente.
Foi na primeira sessão psi com essa cliente que um evento psíquico dramático ocorreu no início da integração do processo: quatro pessoas – a cliente, sua amante. Bill Roll e eu participamos dessa sessão que tinha começado muito lentamente.

Por trinta minutos, todos nós ficamos sentados recebendo pouquíssimas impressões psíquicas, além de algum material telepático proveniente de detalhes da vida cotidiana. (um estudante particular na sua classe e na sua casa). Depois de tentar comunicação com o bigfoot, sem respostas, eu estava para terminar a sessão, quando comecei a sentir um grande peso sobre todo o meu corpo, acima da cintura. Senti que estava paralisada no lugar por um peso em cima de mim. Abri os olhos e não vi nada fora do comum em volta dos meus braços e meu corpo, mas quando tentei, ainda não podia me mexer. Fiquei meio apavorada e pedi a cliente para me ajudar. Já que eu não podia me mover, não poderia ajuda-la mais – e já era a única a quem o bigfoot responderia, ela poderia fazer o favor de arrancá-lo de mim. Em segundos, senti uma iluminação e depois, perda de peso e a cliente relatou uma experiência simultânea de arrancar o bigfoot de mim. Nesse momento, ela experienciou, pela primeira vez, o poder de controlar a entidade.

Curiosamente, a entidade recusou-se a deixa-la, mas obviamente, entraria em acordo com ela.
Outras sessões utilizando mentalização orientada e práticas de visualização foram providenciadas para familiarizar a cliente com o mundo interior do qual bigfoot emergiu.
Ao voltar para casa, ela continuou em contato, por telefone. Imediatamente após a visita, contou que bigfoot tinha `encolhido`, e, agora, referia-se a ele como Bill Jr. Poucas semanas após, ela começou a encontrar pessoas que praticavam meditação e que entendiam sua situação. Quanto mais ocupada ela ficava, menos Bill Jr a rodeava. Como parte de sua prática espiritual, desenvolveu uma nova visão de seu corpo, o que animou-a a perder 50 libras, até então. Tornou-se mais interessada nos homens como amantes e começou a marcar suas sessões de terapia com seu analista homem. Numa carta, escreveu: `algumas vezes eu me sinto tão bem que custa a crer que houve um tempo que eu queria morrer`.
Assim, a entidade espiritual transformou-se em prática espiritual. Os símbolos e formas que o distúrbio físico dessa cliente tomou expressavam seu estado psíquico: pesada, impotente, vitimada (especialmente por homens) e sexualmente frustrada. O confronto e a comunicação com seu espírito conturbado quebrou o auto reconhecimento, produto da consciência.

Jung conduziu um trabalho que `poderia qualquer passo verdadeiro do meu experimento resultar o mesmo conteúdo psíquico que é o cerne da área da psicose e é encontrado no insano`.
Jung resume sua experiência nestas palavras: `a experiência tem que ser encarada pelo que foi ou pelo que parece ter sido`. Sem dúvida estava ligada ao estado emocional que era o meu na época, e que era favorável a fenomenologia parapsicológica. Era uma constelação inconsciente cuja atmosfera peculiar eu reconheci como o sinal de um arquétipo`. `Isto está no ar`.
O intelecto, certamente gostaria de reclamar para si algum conhecimento científico e físido do caso e, de preferência, escrever a coisa toda como uma violação de regras. Mas que mundo lúgubre seria se as regras não fossem violadas alguma vezes.

Este é o território, a mesma lâmina na navalha que, sinto, é anterior anos na busca da compreensão mais completa do mundo psíquico. A intensidade do desafio depende, provavelmente, de um grande acordo sobre o quanto nós estejamos querendo experienciar pessoalmente e conscientemente ou `trazer a luz` o nosso mundo interior e exterior.
                                                              
Referência bibliográfica:
Eisenbud, J (1970) Psi in Psychoanalysis, New York, Grane e Stratton
Jung, C.G. (1965) Memories, Dream and Reflection, New York, Vintage _______(1973) Archetypes: Mother, Rebirth, Spirit, Princenton University press.
Mintz, E (1983) The Psychic Tread, New York, Human Sciences Press

Stewart, J, Roll, W.G. and Baumann, S (1988) Hypnotic Suuuggggestiooonnn and   RSPK – research in Parapsychology – 1987, Scarecrow Press

Mesmerismo